terça-feira, 18 de fevereiro de 2014





Ontem, 17 de fevereiro de 2014, por volta das 09:30 da manhã, faleceu meu tio Gualter Braga Aguiar Filho. Desde o início do ano lutava contra um mal obscuro que o fez definhar até a morte.

Hoje foi o enterro. Escrevo isso ainda com a areia do cemitério nos sapatos.

Nas últimas semanas esteve internado no Hospital 28 de Agosto, onde os médicos procuravam em vão a origem dos sintomas terríveis de algo que terminou por matá-lo. Não podiam fazer diversos exames apurados porque estava tão fraco que exames invasivos poderiam lhe tirar a vida prematuramente. Tratavam, então, dos sintomas.

Não vou encher o saco de vocês falando dos sintomas. Saibam que eram muitos e que ele tinha hipertensão, diabetes, cardiopatia e outras complicações muito antes dessa última moléstia se instalar.

O fato é que ele estava muito mal. Eu fiquei realmente chateado que, com uma família tão grande como a minha, apenas uns poucos irmãos e sobrinhos o ajudaram em seus momentos finais. De fato, algumas pessoas que sequer são parentes ajudaram muito, muito mais.

Vi meu tio de uma maneira realmente impressionante, feia mesmo. Ele é o parente que eu citei aqui quando disse que “um parente ficou muito doente”.

No velório vi Tio Gualter pela última vez, o corpo castigado pela doença, mas não vou lembrar-me dele assim.

Lembro do tio meio doido que tinha um riso muito engraçado e que estava sempre com a barba desgrenhada.

Lembro do tio que ainda morava com a mãe dele aos 50 anos de idade e que continuou morando por lá depois que ela se foi.

Lembro do tio que, quando eu ainda não sabia andar de ônibus, me esperava no Centro pelo tempo que fosse para que nada de mal me acontecesse ao descer de um deles.

Lembro do tio que não tinha nenhum problema comigo e com quem nunca tive problemas.

Lembro do tio que falava alto demais por causa da surdez e que fazia questão de ter fotos dos meus filhos e filhas.

O tio que me encontrava só para dizer coisas como “Manda um abraço pra Nilsandra. Olha, gosto muito dela!”

É desse tio que eu vou me lembrar.

Té mais, Tio Gualter.

Um comentário:

R Porto disse...

Mano, me emocionei com esse texto.

Até mais tio.

"Té" - ele responderia.


Rômulo